Todo dia que dou uma palestra, uma aula ou atendo um produtor, eu corro pelo meu avô, bisavó e todos os nossos ancestrais que vieram do campo e trabalharam para disseminar técnicas e boas práticas para aqueles que produzem.
Me sinto com o dever de manter o legado deles vivo, buscando contribuir para a evolução e continuidade dos negócios familiares rurais. E isso não é um peso: é um grande incentivo!
“EVOLUIR EM PROFISSIONALIZAÇÃO, HOJE, É O ÚNICO CAMINHO PARA SE MANTER NA ATIVIDADE.”
Na gestão rural, desde a parte tributária, econômica e financeira, passando pela sucessão familiar e culminando na agenda ESG, existem, ainda, muitos outros desafios.
Estes, podem ser encarados como oportunidades, tanto pelos próprios produtores, quanto por aqueles estudantes e profissionais que realmente se importam com eles.
É ouvir, entender e se empenhar para trazer soluções adequadas a realidade de cada um.
Basicamente, vejo como o maior problema a ser combatido a informalidade do setor. E governança e gestão são meios, caminhos, para se chegar a uma maior - e necessária - profissionalização no agro.
Por exemplo, falar de governança no meio rural não precisa ser um “bicho de sete cabeças”. Termos muito técnicos podem ser abordados de forma simplificada, priorizando a aplicabilidade e a garantia de um bom resultado no final.
É apenas para grandes produtores? Não me agrada essa alcunha de grande ou pequeno: a necessidade de organização para ser competitivo é a mesma para todos.
Veja, um negócio familiar envolve muitas gerações. Logo, jamais será pequeno. Já pensaram em quantas pessoas envolvidas direta ou indiretamente nele? Quantas vieram antes de nós e quantas ainda estão por vir? É preciso preparar para que os mais novos consigam, ou pelo menos tenham a chance de tentar, dar continuidade ao que deixaremos em nossa partida.
Eu vejo alguns pontos básicos em comum entre produtores das mais diversas realidades.
O primeiro passo é o produtor rural se ver como um empresário e compreender a necessidade de evolução em profissionalização.
A atividade que ele executa é, sim, uma empresa familiar, onde ele, normalmente, joga em todas as posições. Com maestria, diga-se de passagem. No entanto, é preciso definir as posições e separar as funções que ele executa hoje, para visualizar e buscar peças que possam substituí-lo em cada uma dessas funções futuramente.
Compreendendo que se tem o controle de uma empresa familiar, é hora de escrever a história da família: “CONTAR A NOSSA HISTÓRIA É A ÚNICA FORMA DE NOS MANTERMOS VIVOS ATRAVÉS DO NOSSO LEGADO”.
Após essa conscientização, é partir para ações mais diretas e que visem “tirar o negócio da cabeça do dono”, permitindo a formalização dos resultados e sua devida apresentação dentro de estruturas claras de comunicação com papéis bem definidos.
Assim, há um negócio formalizado que, na partida do fundador, continuará.
Eu acredito muito nisso tudo.
Claro que existem muitos produtores fora da curva, muito organizados, para os quais, talvez as minhas dicas não sejam tão úteis.
Porém, enquanto eu ainda tiver algo para passar aos jovens, estudantes, produtores rurais e profissionais da área, farei com muita alegria, orgulho e responsabilidade.